Mudanças tecnológicas estão se impondo e obrigando o comércio a se adaptar
Qual é o futuro das lojas físicas do varejo? O comércio nas ruas e shoppings tende a acabar? Ou ser eclipsado pelas vendas online? Pessoalmente, não acredito nisso e há estudos que corroboram essa tese.
No ano passado, o Euromonitor divulgou pesquisa que indica que, ao menos até 2025, mesmo com a tendência de crescimento no e-commerce, as lojas físicas continuarão respondendo por 82% do total de vendas. E não é só. Nada indica que esse percentual irá mudar rapidamente após a data.
Outro levantamento com varejistas norte-americanos – este realizado pela Wynshop, em parceria com Incisiv, especializadas em transformação digital – informa que 86% deles estão insatisfeitos com os resultados (entenda-se lucratividade) do braço online de seus negócios. Seguramente não é diferente no resto do mundo. É possível que, em alguns mercados, esse fenômeno talvez seja ainda pior, por questões de logística e de infraestrutura.
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Há um encanto nas lojas físicas do varejo que é insubstituível: o cliente ser atraído pela apresentação coordenada em loja, poder vivenciar a experiência idealizada pelo time de estilo, merchandising e produto, além, é claro, de obter na hora aquilo que deseja e sair da loja levando o produto debaixo do braço. Some-se a isso o seu contato com o produto, o toque, a experiência da textura, do aroma, do peso, do caimento. Usufruir esse momento é especialmente reconfortante. Por mais que a tecnologia avance, e que os sistemas de delivery se tornem eficazes e reduzam prazos de entrega, o prazer da compra presencial, do consumo imediato, dificilmente será superado. Ao menos, não tão cedo.
No mundo ocidental, comprar é uma experiência que faz parte da vida cotidiana. Consumir deixou de ser uma necessidade, algo obrigatório e inadiável, para suprir uma carência específica. Para milhões de pessoas, o ato de ir às compras vai muito além. É, sim, uma atividade gratificante e que, para muitos, tornou-se um programa de lazer.
Sistemas culturais consolidados não costumam mudar tão rapidamente. Essas mudanças rápidas acontecem quando ocorre uma disrupção tecnológica que agrega valor inquestionável a um produto ou serviço. Não se pode comparar serviços de streaming como o Netflix às antigas locadoras de vídeo. Da mesma forma, não se pode equiparar o Spotify com qualquer sistema de entrega de conteúdo musical que não seja online. Ou, ainda, as vantagens dos serviços de transporte por aplicativo em relação ao táxi tradicional. O avanço dessas tecnologias recentes em relação às que as antecederam é indiscutível, e provoca rápida mudança nos costumes. No entanto, esse não é o caso do e-commerce, que agrega uma série de vantagens ao processo de venda, mas implica outras tantas desvantagens.
Apesar disso, o varejo offline deve ficar atento. A priori, o comércio online seguirá crescendo e as empresas do setor seguramente terão de caminhar para a integração do offline com o online. Acredito também que toda tecnologia que puder ser agregada para melhorar a experiência de compra do cliente deve ser avaliada e considerada. Entre eles, sistemas tecnológicos que permitam aos consumidores verificar diversas opções de produto, combinar peças de roupas ou outras possibilidades. Afinal, podem resultar em aumento na conversão de vendas, assim como facilitar e agilizar o processo de compra e de pagamento. Aqui ganha relevância o conceito de omnichannel, no qual a dualidade online versus offline deixa de existir e as plataformas passam a atuar de forma integrada e complementar.
Seguramente, tudo isso é mais fácil falar do que fazer. Mas as mudanças tecnológicas aos poucos se impõem e temos de lidar com elas. O meu ponto é: para continuar vivo em ambientes cada vez mais competitivos, o varejo não deve se descuidar do online e tampouco perder aquilo que caracteriza a sua essência e rentabilidade. Estou falando de garantir coordenação, atratividade e disponibilidade dos produtos, para que a experiência presencial de compra do consumidor não seja frustrada. Até porque, se o online ainda não representa uma ameaça real à loja física, o concorrente ao lado continua sendo um risco. É preciso superá-lo.
Enquanto o varejo físico for capaz entregar uma boa experiência de compra, dificilmente ele será superado – seja pelo online, seja pela concorrência. Pelo menos enquanto a grande maioria dos seres humanos optar por viver no mundo real e não em mundos digitais paralelos (metaversos).
Fonte: Administradores.com
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